sábado, 13 de novembro de 2010

"O sertanejo é, antes de tudo, um forte!"

 Preconceito é burrice. Não tenho a menor paciência. Se vocês ainda não tiveram a oportunidade de ler este ótimo texto de José Barbosa Júnior sobre a "pérola" dita pela estudante paulistana, Mayara Petruso, deleitem-se!




                                                     imagem do retirada do blog: poemas de mil compassos
Calem a boca, Nordestinos!
Por José Barbosa Junior 

As eleições de 2010 trouxeram à tona, entre muitas outras coisas, o que há de pior no Brasil em relação aos preconceitos. Sejam eles religiosos, partidários, regionais, foram lançados à luz de maneira violenta, sádica e contraditória.

Já escrevi sobre os preconceitos religiosos em outros textos e a cada dia me envergonho mais do povo que se diz evangélico (do qual faço parte) e dos pilantras profissionais de púlpito, como Silas Malafaia, Renê Terra Nova e outros, que se venderam de forma absurda aos seus candidatos. A luta pelo poder ainda é a maior no meio do baixo-evangelicismo brasileiro.
Mas o que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”.
Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos “amigos” Houaiss e Aurélio) do nosso país.
E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!
Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!
Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?
Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?
Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?
Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial  Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos… pasmem… PAULISTAS!!!

E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.

Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.
Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura…
Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner…
E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melofias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia…
Ah! Nordestinos…

Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura. E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros à força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país. Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?
Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.
Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!
Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!
Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário… coisa da melhor qualidade!
Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso… mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!
Minha mensagem então é essa: – Calem a boca, nordestinos!
Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.
Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.
Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”
Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sem mais reticências


 ...


Andei muito tempo ausente deste blog. A falta de palavras me fez pensar.
Cheguei à conclusão de que não preciso suprimir acentos (todos antes muito necessários, por sinal), tão pouco aglutinar palavras que antes eram ligadas por hifens (tão simpáticos) etc.
Ah, sim. Quase me esqueço. Sou professora de português. Detalhes, detalhes…
Ora vejam bem: o ano já chega ao fim. Fatos importantíssimos aconteceram no mundo. O Brasil até elegeu sua primeira mulher presidente. E nós aqui. Preocupados com a falta que o trema faz. 
Pontuação, sim. É de pontuação que precisamos. Que trabalho que dá pontuar a vida da gente! Está decidido: em 2011 eu vou organizar e pontuar corretamente.
Chega de usar tantas reticências. Sejamos mais firmes e menos hesitantes. Pontos finais são imprescindíveis. Boas resoluções precisam de seus pontos finais. Se for o caso de mudar de idéia depois, mude com firmeza, oras!
Ah! Pontos de exclamação! Exclamar é viver! Usemos e abusemos do nosso direito de exclamar! Reinvidiquemos mais com nossa exclamações! Sejam elas provenientes de admiração, fúria, ultraje ou animação!
Aproveitemos também para questionar mais. Os pontos de interrogação estão aí para isso, não é? Deve-se usar acento agudo ou circunflexo em bebe? Esta palavra tem origem francesa? Por que ainda não consigo assimilar as regras do já-nem-tão-novo-assim (uso hifem ou não? hifem tem acento?) acordo ortográfico? Oras, perguntar não é importante? O questionamento não faz parte do temperamento humano? As grandes descobertas não nasceram dos cérebros indagadores?
E já que 2011 será, sem dúvida, um ano de muitas vitórias para o povo brasileiro, façamos uso generoso das vírgulas, enumerando as alegrias e conquistas! Vamos, ao lado da presidente, cuidar da saúde, educação, segurança, empregos, meio ambiente etc!
Pontue, por um futuro melhor!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Caro Voltaire

L'homme est libre au moment qu'il veut l'être.

Infelizmente as trevas nunca nos deixaram. Há intolerância em toda a partes, sob as mais variadas formas e disfarces.
Preconceito, superstição, abuso e tirania jamais deixaram de existir. Talvez por isso o pensamento e a ação ainda não andam juntos, e ninguém parece se interessar verdadeiramente em construir uma sociedade melhor – dá muito trabalho.
O homem que é livre para pensar prefere abdicar deste direito. O nosso progresso é lento e penoso, caro Voltaire.
Tudo o que é tão óbvio é o que menos se enxerga. A dúvida ainda é blasfêmia; a razão uma ferramenta enferrujada.
Só nos resta, além das grades as quais criamos, a sátira, caro Voltaire. Não estamos prontos para sermos livres.








sexta-feira, 23 de abril de 2010

Falta


Humildade. Palavra tão bonita mas porcamente interpretada e tão pouco difundida .
Dizer o que quer, sem medir ou filtrar as palavras e o conteúdo da mensagem, que fatalmente prejudicará direta ou indiretamente outrem ou causará macula e desconforto não é franqueza, é falta de humildade.
Bater no peito e encher a boca para ampliar, divulgar ou enfeitar virtudes, vantagens e até talentos naturais ou adquiridos não é orgulho, é simplesmente falta de humildade.
E esta falta vai além do faltar que remete ao não-ter ou ao não-existir. Esta falta implica em erro mesmo. Em falta grave. Gravíssima.
Esta falta está em quase todos os ambientes em que convivo e me toma o ar. Ninguém faz questão de ser humilde. Humildade é sinônimo de fraqueza, de ignorância, de falta de educação. “Fulano é humilde” significa ele não tem posses materiais ou não tem estudo.  Quão bom seria dizer “Fulano é humilde” porque não se vangloria a torto e a direito, não exibe seus bens materiais ou não, pensa e escolhe as palavras para não ferir.
Qual o quê. Humildade é considerada coisa de gente ignorante, gente que crê em alguma religião dominante e que não faz lutar pelos seus direitos.  Nem  de longe humildade é virtude. O certo mesmo é não levar desaforo para casa. É provar que é mais.
Falta.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Terra

Embora Caetano tenha visões muito distorcidas e opiniões bastante incoerentes, confesso que gosto de muitas de suas letras, e uso os versos de uma delas, a qual causou em mim, na época ( e ainda hoje causa), um grande encantamento diante da beleza na descrição desta musa, Terra, mãe tão maltrada.

Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...


Composição: Caetano Veloso
Quando eu me encontrava preso
Na cela de uma cadeia
Foi que vi pela primeira vez
As tais fotografias
Em que apareces inteira
Porém lá não estavas nua
E sim coberta de nuvens...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Ninguém supõe a morena
Dentro da estrela azulada
Na vertigem do cinema
Mando um abraço prá ti
Pequenina como se eu fosse
O saudoso poeta
E fosses a Paraíba...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Eu estou apaixonado
Por uma menina terra
Signo de elemento terra
Do mar se diz terra à vista
Terra para o pé firmeza
Terra para a mão carícia
Outros astros lhe são guia...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Eu sou um leão de fogo
Sem ti me consumiria
A mim mesmo eternamente
E de nada valeria
Acontecer de eu ser gente
E gente é outra alegria
Diferente das estrelas...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
De onde nem tempo, nem espaço
Que a força mãe dê coragem
Prá gente te dar carinho
Durante toda a viagem
Que realizas do nada
Através do qual carregas
O nome da tua carne...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Na sacada dos sobrados
Da velha são Salvador
Há lembranças de donzelas
Do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia
Faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeito...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Terra!

terça-feira, 30 de março de 2010

Promessas de mãe

ESTE TEXTO FOI CONCEBIDO POR UMA PESSOA LINDA E TALENTOSA, A ANA COUTINHO, E EU NAO RESISTI!!! DIVIDO-O CONTIGO:


Promessas de mãe
Eu prometo querida, que te olharei com atenção.
Eu prometo que buscarei te conhecer. Tudo. Tuas luzes e tuas sombras. Ainda que me ofusque os olhos, ainda que não seja o que eu sonhei, buscarei sempre te conhecer.
Eu prometo desenhar com você, ler para você, contar estórias e te por pra dormir, mesmo depois de um dia cansativo.
Eu prometo ouvir você, te segurar e te soltar. Deus me ajude a saber quando é a o hora do que.
Eu prometo não esquecer de te elogiar, não esquecer de te beijar, não esquecer de te fazer côcegas e de rir junto de você, mesmo que a rotina, essa raposa, me martele as obrigações e o cansaço do dia a dia.
Eu prometo te respeitar, te deixar livre mesmo querendo te aprisionar a mim e, quando você tiver seu coração partido em mil pedaços, eu prometo não diminuir a sua dor, por mais que ela me pareça fútil e fora de hora. Eu prometo respeitar seus sentimentos, suas dúvidas e suas certezas, ainda que elas me sejam infantis e tolas. Se são suas, terão o meu olhar e o meu amor.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A resposta





Quando criança, em qualquer momento em que uma dúvida me assaltasse, por mais inibida que fosse, eu procurava questionar os adultos e me satisfazia com a resposta dada. No meu mundinho os adultos tinham as respostas para todas as perguntas. Gente grande sabe tudo. Não aceitava, apenas acreditava. Bons tempos aqueles! Pergunta alguma ficava sem resposta. Perguntou: batata! Tinham a resposta pronta para mim. Por mais chocante que a pergunta soasse.
Aliás, as respostas que mais me marcaram foram aquelas que fizeram meus pais (meus adultos preferidos) suarem a camisa para encontrar. Como à que meu pai me deu certa vez quando, ainda bem pequena, parada ao seu lado num ponto de ônibus em Petrópolis, li uma palavra rabiscada no muro e, como a desconhecia, perguntei bem alto ao meu desconcertado progenitor:
⎯ Papai, o que é bo-ceta?
No que o mui rápido e eficaz pai, observado de perto por todos os curiosos no ponto de  ônibus, respondeu quase num sussurro:
⎯ É um palavrão, minha filha.
O chato é que na adolescência o meu oráculo se desfez. Os adultos perderam a credibilidade para mim. Decidi que não valia a pena sequer perguntar, porque a resposta certamente não seria de cunho científico ou filosófico, mas arbitrário:
⎯ Por que eu não posso tomar banho depois de comer, oras?
⎯ Porque faz mal.
⎯ Faz mal por quê?
⎯ Por que sim!
Mais tarde a faculdade ampliou meus horizontes e eu descobri um novo oráculo: a biblioteca da Faculdade de Letras da UFRJ. Ah… filosofia, letras e arte! Respostas para perguntas as quais eu sequer havia elaborado. Um mundo novo se abriu: subitamente as questões eram tão importantes quanto suas respostas (estas últimas, aliás, não precisavam mais ter caráter científico, bastasse fossem opções do que poderia vir a ser uma conclusão aberta à discussão). Um deleite!
Até que um dia eu me descobri adulta e sem tempo para perguntas ou coragem para encontrar as respostas. Responsabilidades, contas para pagar, e uma montanha de questões a resolver. Muitas vezes era preciso ignorar a pergunta que brotava. Quem lá tinha tempo para isso? A esquerda que indagasse os porquês ao governo ora essa!
Foi quando eu descobri meu terceiro oráculo: a banda larga! Agora sim, bastava digitar algumas palavras que o Google vinha imediatamente com centenas e milhares de lugares e respostas independentemente do cunho da questão. Tanta informação! Da noite para o dia eu viarava mecânica, doutora e astronauta. Não necessariamente nessa ordem. As respostas eram tantas que me embriagavam. Claro que dava um trabalho danado coleta-las, dividi-las por categorias e decidir qual delas era a mais verídica e/ou satisfatória. Afinal, era preciso, como qualquer outra pesquisa, colecionar e questionar as respostas (de acordo com o grau de credibilidade da fonte). Um trabalho quase científico.
Mas veja bem, meu caro amigo, que coisa doida é a vida. Não é que de lá para cá eu virei mãe (gente grande) e, sem aviso prévio, fui nomeada o oráculo de alguém? Alguém de uns três anos de idade. Ah! Quantas perguntas a serem respondidas. Quantas respostas a serem “re-perguntadas”. Sim, porque essa minha filhinha e suas perguntas incansáveis não se satisfaz sempre com minhas singelas respostas:
⎯ A camera não vai funcionar.
⎯ Why?
⎯ Porque está sem bateria.
⎯ Why?
⎯ Porque mamae esqueceu de carregar.
⎯ Why?
⎯ Porque eu tinha muitas coisas para fazer
⎯ Why?
E assim vai… (agora eu sei porque algumas respostas devem ser simplesmente arbitrárias, caramba!)
Entretanto o mais interessante é perceber que a menininha ensaia suas próprias respostas. Um belo dia, percebendo que a lua não estava mais cheia, ela mais que depressa apontou:
⎯ Olha a lua mamae! Está quebrada!
E quando eu já ensaiava uma resposta para a pergunta que eu achava que se seguiria, ela arrematou com a explicação que ela traz na ponta da língua sempre que se encontra em apuros:
⎯ Foi a minha irmazinha quem quebrou!
Eu não encontraria melhor resposta.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

decisões...

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Le Petit Prince,1943 ( Saint-Exupéry)


Confesso que a minha lista de decisões para a nova década surpreendeu a mim mesma. Engraçado como as prioridades mudam com a idade. A certa altura da vida certas preocupações que outrora assemelhavam-se ao próprio armagedom desaparecem feito névoa diante dos problemas concretos e, às vezes, até irremediáveis. O interessante é que o pânico total de antes dá lugar a uma calma quase absurda diante da descoberta dos novos (e bem mais reais) obstáculos e dificuldades do presente, os quais tornam-se parte da vida e, ouso dizer, passam a ser - quase - necessários.

Limito-me a dizer que uma de minhas (poucas) resoluções é a de não desistir do ser humano. Romantismo? Não. Simplesmente cansei de escutar dos outros que “as pessoas cansam”. Não nego. Cansam mesmo. Mas desistir não envolve desafio algum. Que mérito pode haver nesta atitude que em nada resolve o problema, apenas o agrava?

Que venham os problemas e as pessoas. Na minha lista não entram mais futilidades.


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Para ilustrar a minha luta armada (virtual) contra o cansaço dos outros ante a própria espécie, segue o link para um texto antigo aqui deste humilde blog chamado O Reencontro, que trata dos desconhecidos que nos tocam o coração nas esquinas da vida. Um feliz 2010 para todos nós.



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