sexta-feira, 23 de abril de 2010

Falta


Humildade. Palavra tão bonita mas porcamente interpretada e tão pouco difundida .
Dizer o que quer, sem medir ou filtrar as palavras e o conteúdo da mensagem, que fatalmente prejudicará direta ou indiretamente outrem ou causará macula e desconforto não é franqueza, é falta de humildade.
Bater no peito e encher a boca para ampliar, divulgar ou enfeitar virtudes, vantagens e até talentos naturais ou adquiridos não é orgulho, é simplesmente falta de humildade.
E esta falta vai além do faltar que remete ao não-ter ou ao não-existir. Esta falta implica em erro mesmo. Em falta grave. Gravíssima.
Esta falta está em quase todos os ambientes em que convivo e me toma o ar. Ninguém faz questão de ser humilde. Humildade é sinônimo de fraqueza, de ignorância, de falta de educação. “Fulano é humilde” significa ele não tem posses materiais ou não tem estudo.  Quão bom seria dizer “Fulano é humilde” porque não se vangloria a torto e a direito, não exibe seus bens materiais ou não, pensa e escolhe as palavras para não ferir.
Qual o quê. Humildade é considerada coisa de gente ignorante, gente que crê em alguma religião dominante e que não faz lutar pelos seus direitos.  Nem  de longe humildade é virtude. O certo mesmo é não levar desaforo para casa. É provar que é mais.
Falta.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Terra

Embora Caetano tenha visões muito distorcidas e opiniões bastante incoerentes, confesso que gosto de muitas de suas letras, e uso os versos de uma delas, a qual causou em mim, na época ( e ainda hoje causa), um grande encantamento diante da beleza na descrição desta musa, Terra, mãe tão maltrada.

Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...


Composição: Caetano Veloso
Quando eu me encontrava preso
Na cela de uma cadeia
Foi que vi pela primeira vez
As tais fotografias
Em que apareces inteira
Porém lá não estavas nua
E sim coberta de nuvens...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Ninguém supõe a morena
Dentro da estrela azulada
Na vertigem do cinema
Mando um abraço prá ti
Pequenina como se eu fosse
O saudoso poeta
E fosses a Paraíba...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Eu estou apaixonado
Por uma menina terra
Signo de elemento terra
Do mar se diz terra à vista
Terra para o pé firmeza
Terra para a mão carícia
Outros astros lhe são guia...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Eu sou um leão de fogo
Sem ti me consumiria
A mim mesmo eternamente
E de nada valeria
Acontecer de eu ser gente
E gente é outra alegria
Diferente das estrelas...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
De onde nem tempo, nem espaço
Que a força mãe dê coragem
Prá gente te dar carinho
Durante toda a viagem
Que realizas do nada
Através do qual carregas
O nome da tua carne...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Na sacada dos sobrados
Da velha são Salvador
Há lembranças de donzelas
Do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia
Faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeito...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Terra!